terça-feira, julho 12, 2005

Cinema e Vida

A vida é provisória, instável, muito provavelmente não faz sentido, inexplicável, palco de desencontros eternos e constantes, (discutivelmente) insastifatória para o Homem (tanto para quem quer ou não quer morrer), é temporalmente indefinida e restringidora na sua realidade. Não se pode controlar, remete o sonho para outra qualidade, não escolhe efeitos, ângulos, luminosidade, não ordena sequências nem as junta, não é arte. Na vida, tende-se a escolher caminhos pré-existentes, em vez de criá-los, viver por convenção. A vida é real, dura, crua, raramente a criamos, mais vezes a seguimos.
O cinema é eterno, belo na pior das aparências, total, uno, e harmonioso, com princípio, meio, e fim (mas não necessariamente por essa ordem), é toda uma promessa que vive, e que não se fica pela sua condição pré-definida, é todo um imaginário que interage com inúmeros outros, todo um mundo que se cria e que nos coloca a todos como iguais. É toda uma possibilidade de planos, sequências, coordenadas por uma sala de montagem, local central de construção e desconstrução, cortes e correcções, magia e arte. É dizer tudo por um rosto, mostrar tudo por uma paisagem, jogar com o nosso subconsciente por uma imagem. É todo um movimento que nos cola a um autor, uma visão do mundo que nos retira da solidão, e que nos faz realmente existir. Uma projecção, uma escuridão unicamente iluminada por imagens, um espelho que nos mostra quem somos e, sobretudo, quem podemos ser.
Vida e cinema, separados ou juntos, para sempre presentes. Amar a vida, viver pelo cinema.

4 comentários:

Anónimo disse...

"vida e cinema ,separados ou juntos, para sempre presentes." viver a vida, amar o cinema.

Anónimo disse...

Seja bem vindo! Não fui eu que escrevi o "então o Francisco?" mas já me tinha perguntado o mesmo. É um prazer tê-lo de volta,é um prazer lê-lo de volta.

Bernardo Eça disse...

lol...

Anónimo disse...

É muito bom voltar a encontrar-te a escrever tão bem!Tens talento! Eu sou fã dos teus textos, apesar de não conhecer muitos dos filmes.
Acho que também tens futuro como filósofo!
Beijinhos
Tita